Democracia, ditadura e histórias da educação do tempo passado/presente
Sinopse
Este livro atende reiteradas sugestões e solicitações de alunos da pós-graduação, orientandos de mestrado e doutorado e colegas de diversas universidades com respeito à necessidade de compilação, à sequência e à convergência de temáticas, ao final e ao cabo, produzidas pela mesma senda de pesquisas que muitos denominam de “histórias e memórias da educação popular”. Prefiro enfeixar esses escritos no que caracterizo como “história da educação do tempo presente”, atento às questões paradigmáticas que impactaram nossa história e nossa historiografia educacional. Vários desses escritos têm como terreno empírico de pesquisa os anos 1960 e 1970, tempo histórico priorizado. E muitas das suas temáticas, a exemplo da alfabetização de jovens e adultos e das consequências político-educacionais da ditadura civil-militar (1964-1985), entre outras, ainda se encontram arraigadas no cotidiano da educação brasileira. Do considerável volume de escritos consequentes das pesquisas realizadas e em andamento, selecionamos as partes que compuseram os capítulos do livro. No primeiro capítulo, base para os demais, argumentamos sobre a história do tempo presente, seus pressupostos, sua abundância de fontes e sua decisiva importância para uma nova epistemologia da educação. No segundo selecionamos aspectos históricos da política educacional brasileira, antes e depois do golpe civil-militar de 1964, no Estado populista e no Estado Militar, especialmente quanto à educação de jovens e adultos. A seguir, no terceiro, retornamos a uma temática até hoje recorrente: o Governo João Goulart (Jango), as reformas pretendidas, a conciliação inviabilizada pelos golpistas de plantão e as próprias incongruências e inabilidades do governo e do seu mandatário. Diante de um golpe pré-anunciado e em andamento haveriam saídas que mantivessem a frágil democracia? O golpe era inevitável e inexorável? No quarto capítulo exploramos uma das aplicações do chamado “Método Paulo Freire” de alfabetização pela Campanha de Educação Popular (CEPLAR, 1962-1964), na Paraíba, o golpe militar e os documentos do Inquérito Policial Militar (IPM) desencadeado pelo IV Exército contra seus principais dirigentes entre 1964 e 1969. A seguir, mostramos as “ligações perigosas” da CEPLAR, consideradas subversivas pelos golpistas de 1964, que foram desde as incursões culturais lideradas por Paulo Pontes até os vínculos com as Ligas Camponesas da Paraíba. Na mesma década de 1960, foram desenvolvidos na Paraíba mais dois programas: a alfabetização pelo rádio do SIREPA e a reação da Cruzada de Ação Básica Cristã (ABC) contra o “Método Paulo freire” (e o seu legado) – fazendo parte da política educacional do Estado Militar implantado pós-abril de 1964 e que desembocaria no MOBRAL. As histórias e memórias do SIREPA e da Cruzada ABC constituem o sexto e o sétimo capitulo, respectivamente.