"É história viva, num é história morta": narrativas potiguaras do litoral norte da Paraíba

Autores

Luciane Alves Santos
Michelle Santos Dantas
Maria Alice Ribeiro Gabriel
Milena Veríssimo Barbosa

Sinopse

A colaboração entre universidades e povos indígenas brasileiros é um processo ainda recente no país. Localizado em Mamanguape e Rio Tinto, na região da Mata Paraibana, o Campus IV da Universidade Federal da Paraíba tornou-se nos últimos anos polo referencial em ensino universitário para aldeias potiguaras adjacentes aos municípios do Vale do Mamanguape. O aumento do número de obras literárias e publicações científicas de autoria indígena sugere possíveis alterações na percepção da sociedade em relação à cultura e aos valores desses povos, examinados sob viés praticamente unívoco até o século XX. Autores e professores indígenas têm se empenhado em ampliar o debate sobre questões de saúde pública, economia, educação e política que incidem de modo direto na sobrevivência de comunidades indígenas inteiras.

Com base em diferentes estudos, observamos a necessidade de coletar narrativas orais entre os anciãos potiguaras através de entrevistas, a fim de tentar dirimir algumas limitações encontradas nas narrativas escritas que serviram de fonte aos estudos anteriores. As narrativas colhidas na pesquisa foram sobre o Pai do Mangue, a Cumade Fulorzinha (Mãe do Mato), Sopinha e Cu de Fogo, o Batatão e as Bruxas de Coqueirinho.

Os relatos transcritos para esta coletânea incluem as recordações de vivências pessoais e familiares, a exemplo do testemunho de Dona Maria Matutina Soares, que auxiliam no entendimento da memória social dos potiguaras como povo, ao narrar histórias que simultaneamente reúnem memórias de pessoas “de Santa Rita da aldeia”, Jacaré de César e Lagoa Grande. Essas narrativas compreendem dados genealógicos, revelam os movimentos migratórios de algumas famílias, as culturas essenciais para sua sobrevivência em um período e até mesmo sobre os tipos de moradias comuns a cada época.

As entrevistas foram gravadas em áudio por Milena Veríssimo e transcritos com auxílio da Prof.ª Adjunta do Departamento de Letras da UFPB Michelle Bianca Santos Dantas, durante os meses de março e abril de 2020, sendo a coleta de narrativas interrompida em razão da pandemia de covid-19. Devemos registra que o momento histórico em que transcorreu o processo de elaboração desta coletânea é de apreensão e incerteza para os povos indígenas do país, devido a graves desastres ambientais e às perdas humanas causadas durante a pandemia, cuja extensão não é possível mensurar ou reparar por completo. Certamente os acontecimentos e as consequências desse período surgirão em narrativas futuras com versões e perspectivas originais.

Autorizadas pela liderança indígena local, as entrevistas ocorreram nas aldeias Jacaré de César e Três Rios. Os entrevistados assinaram os termos de cessão de imagem e de divulgação dos relatos. Os depoentes, dois homens e três mulheres, com idade entre 64 e 81 anos, vivem há muitos anos nas aldeias Jacaré de César e Três Rios.

 

 

 

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Publicado

December 9, 2020

Detalhes sobre essa publicação

ISBN-13 (15)

978-65-5942-017-9