Tecendo saberes, reconstruindo práticas: proposições para o ensino de Língua Portuguesa

Do ponto de vista do ensino e da aprendizagem, a metodologia não é secundária, mas deve alinhar-se ou ajustar-se ao conteúdo de ensino, a todo seu entorno e ao horizonte social e histórico da sala de aula. Ademais, de nada adianta dominar uma metodologia (saber ensinar) se não se conhece o objeto a ensinar. Receitas prontas nunca funcionaram na educação: o que pode vir a dar certo em uma sala de aula nem sempre se adéqua a outra. Ousaria mesmo dizer que nem na mesma sala com o mesmo professor há a reprodução ipsis literis de uma mesma metodologia. A aula é um evento que, como tal, é irrepetível, irreproduzível. Daí a importância de se investir na figura do professor pesquisador [...].

Nessa mesma perspectiva, concebo os artigos que compõem esse livro. Todos concretizam esse ideal de professor pesquisador na medida em que se configuram como relatos de intervenção em seus cotidianos de sala de aula. Todos têm em comum o fato de estabelecerem um diálogo concreto com a sala de aula de cada professor de língua; são resultados de pesquisas desses professores que revelam sujeitos, lugares, enfim, realidades distintas; focam conteúdos de ensino e de aprendizagem de língua aparentemente únicos – como o desenvolvimento de habilidades e competências em leitura e escrita – mas tão plurais, multifacetados e distintos na sala de aula quando transformados em objetos de ensino por um sujeito concreto para sujeitos concretos, específicos e únicos, mas, ao mesmo tempo, sociais e históricos.